quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

LAVADEIRA


Lavadeira desperta cedo

E no varal estende a vida

Que sacode ao sabor do vento

Enxotando o pardal na descida


Sobe o morro elevando trouxa de encantos

Mergulhadas na bacia, tantas mazelas

O coração manchado de pranto

Não se perdeu das coisas belas


Com coragem enfrenta a labuta

E bate na pedra, atrevida

Enxagua e torce a realidade

Respingos de sabão a invadem

Ardendo os olhos e nas mãos, a ferida


Lá de cima, a cidade é quadro distante

Desbotado pelo sol que destorce a visão

Emoldura a lida entoando da alma,

Um canto que mais parece oração


Lava...

Corpo desgastado

Feito roupa usada

Que a vida esgarça


Quara...

O pano que se faz branco

Por mágica se disfarça

Mas não apagam histórias

Feito pirraça


Porém...

Mesmo quando sonhos esvoaçam nas espumas

Que à luz do sol colori feito primavera

Outra história sempre surge num perfume

De quem luta, não só espera

ɱαгЇS

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