Lavadeira desperta cedo
E no varal estende a vida
Que sacode ao sabor do vento
Enxotando o pardal na descida
Sobe o morro elevando trouxa de encantos
Mergulhadas na bacia, tantas mazelas
O coração manchado de pranto
Não se perdeu das coisas belas
Com coragem enfrenta a labuta
E bate na pedra, atrevida
Enxagua e torce a realidade
Respingos de sabão a invadem
Ardendo os olhos e nas mãos, a ferida
Lá de cima, a cidade é quadro distante
Desbotado pelo sol que destorce a visão
Emoldura a lida entoando da alma,
Um canto que mais parece oração
Lava...
Corpo desgastado
Feito roupa usada
Que a vida esgarça
Quara...
O pano que se faz branco
Por mágica se disfarça
Mas não apagam histórias
Feito pirraça
Porém...
Mesmo quando sonhos esvoaçam nas espumas
Que à luz do sol colori feito primavera
Outra história sempre surge num perfume
De quem luta, não só espera
ɱαгЇS
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