sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

DESERTO

Deserto infeliz
E ainda assim
A vida se faz; deserto
No deserto...

Dizem que surgem oásis
Visões ilusórias
Que por instantes é toda realidade
E se prossegue

Decerto
Incerto
Se deserta
No deserto
Que é deserto
E só

Será preciso ensinar aos olhos a ver água,
Alimentos e motivos pra seguir...
Sentir aconchego num sol que me queima...
Sentir frescor no frio que congela a noite...

Ir definhando sem ter noção da perda será menos doloroso?
Ou será menos doloroso
Não saber onde se está e quando se chega?
Poeiras que enganam a vista
Fazem a mente ver o que deseja?

Tudo parece igual
O mesmo lugar, deserto
Deserto em mim...
Decerto
Eu deserto
E só

Sem querer saber onde estou, aonde vou
Que ventos levam
Se haverá possibilidades de oásis
Ora perdendo, ora recolhendo pedaços da memória
Que se esvai...

Tentando juntar os cactos da história
Sugando da raiz o que perco
Tendo o coração emperrado na areia
Desertando numa cegueira, em ventanias de poeira
Queimando de dor num sol de mágoa, angústia, abandono...
Congelando no frio da saudade, falta de esperança e incerteza

Há lindas noites no deserto
Estreladas...
Cheia de luz como setas a seguir
Mas se é verdade, porque não as vejo?

Decerto
Até mesmo o céu pleno de ventura
Me mantém às escuras
como manto a me cobrir...


ɱαгЇS

sábado, 2 de fevereiro de 2008

RIR DE MIM

Sarcasmo, talvez
Ou um desejo de chorar
Repreendido

Escondido?
Não sei...

Rir de mim
É talento inato
É atrevimento

Rio de mim
Pra lavar as dores
Na superfície
De águas doces

Rir de mim
É desacato
É tentativa de esquecimento

Rir de mim
Virou um hábito
Quase um rito
De passagem...

Rir de mim
É suportar-me
Me transportar pra além do sofrimento

E nada é mais forte
Que a sensação que eclode
Ao dar a outra face sem lamento...

ɱαгЇS

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

VIDA




Amanheci
Das coisas pequeninas
E soprei
Numa brisa que arrasta
Qualquer fúria

E de coisas tão simples
Me vi assim
Iluminada
Numa luz que dissipa
Qualquer medo

E de coisas tão puras
Emancipei a alma
Numa atmosfera que elucida
Qualquer dúvida


E o dia passou em mim
Que de coisas belas enfeitei a aura
Transcendi
Numa lágrima agradecida

Existir é um “estar” profundo
Um “afogar-se em si mesmo”
Anoitecer e amanhecer em ciclos
E ainda assim, transbordar vida...


ɱαгЇS