quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

TRISTEZA


O que haverá?

O que haverá por trás da tristeza?
Algo que te atrai...
Um prazer estranho de vivê-la

Motivando registros
Sensações de tê-la
Tão perto, tão real
Por inteira...

O que haverá por trás da tristeza?
Múltiplas faces...


Cruel... doce, fragiliza
E pode tornar-te forte
Difícil de entendê-la!


Jorra como fonte cristalina
Espelhando à luz
Tudo que tentas esconder
Ao contê-la...


O que haverá por trás da tristeza?
Que comove
E torna belo
Poético "estar"?


Convenhamos
O que haverá por trás da tristeza?
Devaneio?
Surto nessas letras organizadas
Pela desordem na busca de
Compreendê-la?


Mostre-me
A tua outra face
Quero vê-la!

ɱαгЇS

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

SEMPRE

Quero te reencontrar
Em outras esferas
Nas diversas moradas
Do pai...

Pois ao teu lado
É sempre primavera
É manhã clara, luz
A felicidade parece eterna
Com você encontro a paz


Tens sempre o dom
De me captar
Em cada som...
Me sentir
Em cada sabor...

Com você
Sempre é perfeito o tom
Tem festa no olhar




ɱαгЇS


ENGANO






Te senti com cheiro de flores nas mãos
Com a serenidade das ondas tranqüilas


Mas durou um átimo pra saber...

Sabor de fel nos lábios quentes
Ofusquei-me no brilho, que me deixaram desarmada
Mãos que tocam como se fossem presentes
Envolvidas de energia quase inusitada

E foi fácil sorrir como quem avista
Com medo pela primeira vez
A sensação
Do Nada


Eu desenhei uma tela
Na primeira chuva do ano
A pintura se desfez....
ɱαгЇS

LAVADEIRA


Lavadeira desperta cedo

E no varal estende a vida

Que sacode ao sabor do vento

Enxotando o pardal na descida


Sobe o morro elevando trouxa de encantos

Mergulhadas na bacia, tantas mazelas

O coração manchado de pranto

Não se perdeu das coisas belas


Com coragem enfrenta a labuta

E bate na pedra, atrevida

Enxagua e torce a realidade

Respingos de sabão a invadem

Ardendo os olhos e nas mãos, a ferida


Lá de cima, a cidade é quadro distante

Desbotado pelo sol que destorce a visão

Emoldura a lida entoando da alma,

Um canto que mais parece oração


Lava...

Corpo desgastado

Feito roupa usada

Que a vida esgarça


Quara...

O pano que se faz branco

Por mágica se disfarça

Mas não apagam histórias

Feito pirraça


Porém...

Mesmo quando sonhos esvoaçam nas espumas

Que à luz do sol colori feito primavera

Outra história sempre surge num perfume

De quem luta, não só espera

ɱαгЇS

OUTRA DIMENSÃO



O coração dói
Da tua ausência
Quisera entender da loucura
Que te despe em essência
Nas palavras que te revelam
Me provocam
Me fazem arder...

Se consultada fosse
Te saber
Eu negaria até à fogueira
Pois é desigual viver a dimensão do poético
Na ponta da tua pena traiçoeira
Imortalizando-te em versos
E eu mortal
Fadada a te ler...

A buscar-te nos escritos que por toda parte Espalhas...

Será essa a representação da saudade?
Essa distância do mundo paralelo em que habitas?
Por que tens poder de visitar-me quando queres?

Invades minha alma
Feito mar que se agita e nem percebes
A aparente calma...

Entre esferas transitas
Anunciando minha paz e tumulto...

E a saudade grita!
ɱαгЇS

FRAGMENTOS

Que parte ainda levo?
Sou tantas “partes espalhadas”
Tantas partes inúteis
Inacabas
Descaracterizadas pelo "distanciamento de mim"...

“Eu” de várias maneiras...

Sem encaixes, em pedaços
Tropeço nos rastros
Desmontando o quebra-cabeça indelével
Brincadeiras, nem sempre doces, do acaso
De reinventar a vida inteira...


ɱαгЇS

Liberta




Às vezes, tenho medo
De saber se haverá futuro
Tenho medo
Que Deus me flagre feliz
E me tire o conforto
Como se fosse demais pra mim

Tenho medo
Desse medo que me deixa ausente
Me rouba a claridade
Me coloca atrás das grades
Junto aos fantasmas que invento

Às vezes, não tenho medo
De me deparar sem um futuro sonhado
De só ter este presente

Não tenho medo e nem temo a incerteza dos dias
Caminho pra um futuro que aos poucos me abraça
Quero que Deus me flagre feliz
E me abençoe por estar saciada
Que me encontre no deleite
Iluminada
Desarmada
Inocente
Liberta pela certeza
De que nada é demais pra mim
Nada!

ɱαгЇS

SINTONIA


A acústica do coração ritmado

Que se emociona e se entrega

É tocado pelo teu som

Como um cortejo tu me levas

Teu timbre meu caminho colore

Quando pela tua pauta sou conduzida

Desenhas notas de sentimentos

Repercutindo em toda minha vida

Almas são partituras construídas

Inspiradas de acordes, ora dissonantes

São prosa e poesia musicalizadas

Nos fazendo presentes, mesmo distantes


ɱαгЇS


terça-feira, 29 de janeiro de 2008

NAVEGAÇÃO



Entre o pesar e a lucidez
Sigo, persigo sem descanso
Deliro, desequilibro,
Paraliso o mundo "real"

Então
Percebo um corpo
No qual aportei
Num frágil sopro...
E me desfiz das alheias odisséias

Sou meu barco, minha vela, minha heroína

Pintora de minhas telas nos quadros
Em que minha essência se revela
Determinada porque me busco
Nas marcas que deixo
Ao navegar...
ɱαгЇS

ASSIM ... SEM COR


Ah desculpa

Desculpa se o tapete está embolado
Se acumulou poeira e ácaros
E tua entrada não pode ser triunfal

Ah desculpa
Se na passarela do tempo
Eu perdi a arte de fazer de conta
Destilei os sonhos
Perdi a mão e o sabor

Ah desculpa
Se você merecia mais que pude
Se o pó de estrelas subiu no mercado
E se a cortina do meu espetáculo
Despencou

Ah desculpa
Você sabe, é humilde meu barco
Acreditar está escasso

Meu templo está feito deserto
Navego

Está meio assim...
Sem cor

ɱαгЇS

UM ANJO


Além do possível aos olhos

Muito além do que as mãos possam tocar

Existe alguém

Alguém que olha por mim

Incansável, dedicado, silencioso...

Amigo que vela meu sono

Me acode dos pesadelos

Me espera nos sonhos

Me entende os pecados

Dedica a mim os melhores sentimentos

Não me condena, simplesmente

Me aceita assim...

Limitada em mim

Vive a enviar recados

Através dos tempos

Através das lições

Das experiências que abraço

Me inspira através do pensamento

Toca meu coração no íntimo

Diapasão desse instrumento

Que se fez tão desafinado...

Ele é como canção, vem

Igual acalanto de ninar

Nas horas em que o choro não cabe

Quando transbordo...

Quero que o mundo desabe

Das minhas tempestades

De medo, dor... desalento

Ele é assim

O sol que surge em toda parte

Mesmo que haja chuva

Mesmo quando as nuvens não se dissipam

Ele sabe da minha força

Ele sabe da minha fragilidade

É um anjo

Nem sei seu rosto

E me pergunto agora

Será que eu o reconheceria?

Logo ele, o meu amigo mais oculto

O amigo mais presente!

Será capricho de menina,

Será medo de crescer

Esse desejo de colo e de repetir as mesmas artes?

Amigo anjo

Hoje, essa noite

Me embala nas nuvens?

Me leva pra ver as estrelas de perto,

Me deixa conversar com a lua...

Te espero!

ɱαгЇS

SIMPLESMENTE



Ah sim
Eu gosto das flores
Das misturas de cores
E do céu que me guarda

Das nuvens pesadas
Das que formam desenhos
E das que transbordam em enxurradas

Gosto do zunido do vento
Batendo no rosto de forma banal
Que sacode os desalinhados pensamentos
Ajeitando espaço entre as lacunas do que ainda não compreendo...

É, eu gosto de tudo que é vida
E lembro agora
Até daquela canção boba
Que a gente cantou na calçada...
Lembra?

Eu vejo brilho nas estrelas mais distantes
Às quais um dia, farei companhia
Terei pousada...
Acredito na magia do sentimento,
Que resgata o sentido da vida...


Sonho em pegar o trem azul do Lô
Ou o táxi lunar do Geraldinho
Quero ir pra Lumiar
Os nós dos cinco sentidos desatar
E não mais adormecer no tempo
Que a tal fada um dia jurou...

Gosto das aves
Pois voam onde ainda não alcanço

Gosto das montanhas
Que fazem segredo me deixando curiosa

Gosto da areia da praia

Das pegadas desfeitas...

Das possibilidades de Ser
De várias maneiras

Mudanças, transformações
Assim como a lua e suas fases
Influenciando marés, plantações...

Gosto dos dias frios
E do abraço que afaga
Do sol que aquece
Até mesmo dos dias aparentemente vazios
Quando pareço não fazer nada

ɱαгЇS