quarta-feira, 23 de abril de 2008

Quisera



Quisera te amar assim feito sonho a cores

Doçura por mim já esquecida

Haurir em perfume de flores

Inebriada pelas estações da vida

Quisera não perder o encanto

Vagar não mais entristecida

Não me perder pelos cantos

Disfarçando a dor mal resolvida


Quisera a loucura que consome

Transformar-se em serena brisa

Que aos ouvidos sussurra teu nome

Nos caminhos que percorro distraída


Quisera ter mistérios feito gruta

Despertando o desejo de explorar

Essa tua natureza desnuda

Descobrir-te em cada desejar


Quisera ler nas estrelas, possibilidade

Alcançar as alturas do sonho esquecido

Adormecer na dimensão que teu brilho invade

Pra despertar no que será vivido


Quisera assim prosseguir...


Sorrir com o coração liberto

Pela esperança, alegria e desejo

Infinito, feito mar aberto

Em que deságua teu rio, feito beijo


Entre, meu jardim te espera

Desfiz as cercas pra seguir plantando

Realizações já plasmadas nas esferas

Dessa aventura que será

Seguir te amando

ɱαгЇS

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Redenção



foto

Expomar-rio




Rio

De tantos janeiros

Redentores são

Teus filhos

Que lutaram e lutam

A espera de teus braços abertos

Hoje

Na imagem do Cristo

Misericordioso

Que do alto tudo vê e

Chora

Sobre a Guanabara

Silencioso

ɱαгЇS

Pingos de vida


Pinga a vida

Em pedaços

Pinga a vida

E se perde

Contínua queda no espaço

Deixando marca

Que fere


Pinga a vida

Nos braços

Escorre em adeus

Que se escreve

Nas linhas tortas

Do acaso

No céu a lápis

De leve


Pingam

Em despedidas

No olhar

Que vaga distante

Nas lembranças

Que seguem

Escondidas



Pingam

Na decepção

Que invade

Em promessas

Nunca cumpridas

Pingam

No chão entornadas

Perdidas...

Se vão

Gotas e

Gotas de vida


ɱαгЇS



Fim de ensaio




foto de Miguel V. F.


De tua essência

Hoje tudo desconheço

Não há carinho

Nem doce lembrança

Pra acalentar o coração

Encontraste o tom destoante

Que te fez percorrer outra pauta

Tão distante

Deixando-me em pausa e solidão

Teu sorriso foi farsa da ternura

Meu corpo pesa pedindo cura

Nesse desejo intenso de esquecer

O acidente que em silêncio a vida traçava

Elevando o som de notas, pra mim, desafinadas

Que num intervalo tão curto

Me tiraste do coração

Em tua ausência

Se apresentou a verdade

Eu mesma, face a face

Adormeci em sonho pra despertar

No andamento de trajetórias

Agora, tão diversas

Afastadas pelo descompasso

De vidas dispersas

Sigo sozinha tentando acreditar

Apenas eu ficarei como testemunha

Dos ensaios e tentativas

De compor com você

Hei de desvelar-me só

Mas plena


Talvez

Quem sabe, um dia serena

No deleite de vivenciar

A melodia, a harmonia , o ritmo

Das almas leves, libertas e musicalizadas

ɱαгЇS

domingo, 20 de abril de 2008

Amareladas

De nuances amareladas
Vi a cor das folhas
Mostrar que tudo passa...
Mas nada muda
O gosto de coisa perdida
Quando se deixa algo pra trás.
Carrego pedaços de papéis,
Fragmentos de histórias
Nas bagagens quase vazias...
Longa estrada, pela frente
Finda passagem ilusória.
Há de se desprender
Pra esquecer- te na memória
E do peso de tudo
Que já perecia...



ɱαгЇS

Início da composição


foto de João Bambu

Músico
Em tua essência há algo que encanta
Teu carinho acalanta
Garantindo que outro dia já vem

Espero que encontres o tom perfeito
Que ao percorreres tua longa pauta
Encontres nas pausas o descanso benfazejo


Músico
Teu sorriso é ternura
Meu corpo não pesa
Flutua
Nesse perfume de só querer bem

Espero que nos acidentes que a vida traça
Se eleve o som das notas desejadas
Que não haja intervalos pra tua criação

Músico
Em tua presença
Se apresentou pra mim nova esfera
Tantos sonhos desfiz a tua espera
Que é difícil acreditar

Que no andamento das nossas trajetórias
Nos reencontramos no compasso
Aprendendo os passos
A caminho dos elementos fundamentais
De uma música jamais por nós executada

Músico
A canção que escuto hoje
Há de ficar não apenas na memória
Transformamos a história
Devassando atmosferas mais altas

Na eterna procura:
Melodia, harmonia e ritmo
Das almas leves, libertas e musicalizadas

ɱαгЇS


Perdida





Não há motivos para olhar-me
Como quem vislumbra

Uma oculta face
Pois já não me reconheço

E não há motivos para amar
Pois já não consigo enxergar-te
Me pergunto que motivos tenho pra seguir-te
Se dizem estar em toda parte

O que faço eu
Perdida em mim?
Que faço eu?
Diga:
"Vim buscar-te"


ɱαгЇS