terça-feira, 24 de maio de 2011

TU, GITANA - LUAR NA LUBRE



Tu gitana que adivinhas
Me lo digas pues no lo se
Si saldré desta aventura
O si nela moriré

O si nela perco la vida
O si nela triunfare
Tu gitana que adivinhas
Me lo digas pues no lo se



OPTCHA, SARA!
OPTCHA!

sábado, 21 de maio de 2011

Pessoas

Fernando,
Quantas Pessoas te guardam?
Quantos Caeiros, Reis e Campos te revelam no anonimato
Entre tantos que ainda te esperam?

E ao ler teus eus
Que liricamente
Te falam
Fragmentado,
Me vejo assim
Nestes pedaços
Com a mesma estranheza de tantos,
Pois que tão contraditória sou quanto teus Fernandos
E tão complexa e simples quanto as Pessoas
Que tenho juntado...      

 Sutilmente me encontro
Na dureza do teu Álvaro cansado
...

Muitas vezes caminho
Nas linhas rígidas de Ricardo
Para a morte do descanso,
Posto que a eternidade,
Às vezes, parece
A condenação de estar sempre acordado
Paradoxalmente vagando
...

E deliro na sutileza de Alberto
Crítico, simples e direto
E ao mesmo tempo
Docemente encantado
...
Da leveza ao rigor
Explodo em versos
Tão contraditórios
E, talvez, Intrigantes.
Emoção tão
Exposta e velada
Onde não me encerro

Vivo
 Itinerância existencial
Tão conflitante
Nos próprios passos
Multiplicados

Me pergunto, Fernando:
Que amor à vida
Será esse que nos faz cômicos e
Tão delirantes?


Maris Figueiredo


Para Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis e outros tantos




O Amor é uma Companhia


Alberto Caeiro


O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.

Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio. 

Começo a conhcer-me. Não existo

Álvaro de Campos


Começo a conhecer-me. Não existo. 
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,  
ou metade desse intervalo, porque também há vida ... 
Sou isso, enfim ...  
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor. 
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.  
É um universo barato.


Anjos e Deuses



Ricardo Reis

Anjos ou deuses, sempre nós tivemos, A visão perturbada de que acima De nos e compelindo-nos Agem outras presenças. Como acima dos gados que há nos campos O nosso esforço, que eles não compreendem, Os coage e obriga E eles não nos percebem, Nossa vontade e o nosso pensamento São as mãos pelas quais outros nos guiam Para onde eles querem E nós não desejamos.



 

sexta-feira, 20 de maio de 2011

SENTIMENTO

De repente o silêncio...
E escuto tantos sons
Cifrados

Cordas do tempo
Descompassado
Liberto
Em vibrações

Não procuro
Sentido
Para o que berro
Mas no que nesse mundo
Barulhento,
Silencio


Maris Figueiredo

domingo, 15 de maio de 2011

CANTO DE ANDAR - LUAR NA LUBRE



Amence paseniño nas terras do solpor
As brétemas esváense coas raiolas do sol

Meu amor, meu amor, imos cara o maior
Miña amada, meu ben, imos polas terras do alén

Acariña o silencio e escoita o corazón
Que moitos dos teus soños latexan ao seu son

É tempo de camiño andar e de non esquecer
Que o futuro que ha de vir é o que has de facer

E o sol vai silandeiro deitándose no mare
Facéndonos pequenos con tanta inmensidade


terça-feira, 10 de maio de 2011

SONHAR

Declaro
Silenciosamente
Entre nuvens e azuís

Como quem colhe
Rosas com todo cuidado
E entrego

Celestes olhares,
Sorrisos raros

...

Bastam as asas
E o espaço







Maris Figueiredo