JANELAS

PELA JANELA DE MADEIRA PINCELADA DE AZUL...

PERCEBI, DESPERTANDO PERFUMES QUE DEBRUÇAM À NOITE E
DESPEJAVAM EM MIM SEUS JASMINS EM BRISA, O DESPETALAR DE MEMÓRIAS OLFATIVAS EM MOVIMENTOS DELICADOS
E FELIZES

...


Maris Figueiredo

JANELAS IV

A CHUVA  UMEDECE OS DIAS QUENTES,
 EVAPORA OS DIAS MORNOS...

ESPIO DA JANELA
A VIDA QUE RESPINGA
CRISTALINA

PARECE QUE VIBRAVA
LATENTE NO PENSAMENTO QUANDO
LIBERTO

ILUMINA
A ALMA QUASE EM ESTADO
DE SEMENTE

ESCORRE NAS VIDRAÇAS
SE DESENHA
NO ESFUMAÇADO
TUDO É GRAÇA

O CHEIRO DA TERRA É PERFUME QUE
CORRE A VIDA E SOPRA NO ROSTO
UM VENTO COM JEITO DE BRISA


DE REPENTE, SE RETORNA
JUNTO ÀS ÁRVORES QUE
BALANÇAM

IGUALMENTE ÀS
GOTAS QUE PERSISTEM
EM DOCE SINFONIA





MARIS FIGUEIREDO

DA TUA CALDA DE AÇÚCAR..

Esquentou

Derreteu

Esfriou
Endureceu

No murro da faca
Quebrou

O olhar que desejou
A boca que

Salivou

A alquimia que

Envolveu

De transformar matéria 

 Um dia, até se brincou...

Na língua

Amoleceu
...
De novo derreteu

Adoçou

Mas depois o que era doce
Acabou

Maris Figueiredo

LUZES ARTIFICIAIS

Anestesiou-se
 na lamúria


Descarregou
Pesada bagagem

Tropeços?
Quedas?

Liberdade?
Onde?
Em que trem as horas roubaram-te?
  
Só tu mesmo
Artífice da autossabotagem




MARIS FIGUEIREDO