Fernando,
Quantas Pessoas te guardam?
Quantos Caeiros, Reis e Campos te revelam no anonimato
Entre tantos que ainda te esperam?
E ao ler teus eus
Que liricamente
Te falam
Fragmentado,
Me vejo assim
Nestes pedaços
Com a mesma estranheza de tantos,
Pois que tão contraditória sou quanto teus Fernandos
E tão complexa e simples quanto as Pessoas
Que tenho juntado...
Sutilmente me encontro
Na dureza do teu Álvaro cansado
...
...
Muitas vezes caminho
Nas linhas rígidas de Ricardo
Para a morte do descanso,
Posto que a eternidade,
Às vezes, parece
A condenação de estar sempre acordado
Paradoxalmente vagando
...
Paradoxalmente vagando
...
E deliro na sutileza de Alberto
Crítico, simples e direto
E ao mesmo tempo
Docemente encantado
...
...
Da leveza ao rigor
Explodo em versos
Tão contraditórios
E, talvez, Intrigantes.
Emoção tão
Exposta e velada
Onde não me encerro
Onde não me encerro
Vivo
Itinerância existencial
Tão conflitante
Nos próprios passos
Multiplicados
Me pergunto, Fernando:
Que amor à vida
Será esse que nos faz cômicos e
Tão delirantes?
Maris Figueiredo
Para Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis e outros tantos
Para Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis e outros tantos
O Amor é uma Companhia
Alberto Caeiro
O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
Começo a conhcer-me. Não existo
Álvaro de Campos
Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
ou metade desse intervalo, porque também há vida ...
Sou isso, enfim ...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
ou metade desse intervalo, porque também há vida ...
Sou isso, enfim ...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.
Anjos e Deuses
Ricardo Reis
Anjos ou deuses, sempre nós tivemos, A visão perturbada de que acima De nos e compelindo-nos Agem outras presenças. Como acima dos gados que há nos campos O nosso esforço, que eles não compreendem, Os coage e obriga E eles não nos percebem, Nossa vontade e o nosso pensamento São as mãos pelas quais outros nos guiam Para onde eles querem E nós não desejamos.
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